O MISSIONÁRIO
William Carey: Missão e Transformação Cultural
E lhes recomendou: “A seara é grande, mas os trabalhadores
são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da plantação que mande obreiros para fazerem
a colheita. (Lucas 10:2)
Eu sou missionária, (Sou cabeleireira, assistente social e
artesã) uso minhas profissões e dons, à serviço do Reino. Vivo na zona rural de Inajá, sertão de - PE. Quando sou convidada para ministrar em
conferências ou congressos, as igrejas pagam minhas despesas com deslocamento e
alimentação. Como eu, vivendo há 12 anos como missionaria de tempo integral,
iria me deslocar sem dinheiro em mundo capitalista? (Não tenho superpoderes,
poderoso é Jesus Cristo). Há lugares aonde ministrei, e não recebi oferta
alguma, ainda assim voltaria, se fosse convidada. Por compreender que o Senhor tem cuidado de mim. (Não suporto estrelismo\ endeusamento de líderes) mas, tratar bem o missionário, entender que ele deve viver com dignidade).
No Brasil, é comum um missionário (a) ser tratado (a) como alguém menos importante, que um pastor local, mesmo que o missionário (a) tenha o mesmo preparo teológico; e muitas vazes até uma graduação secular extra. (Estranho, não é?).
No Brasil, é comum um missionário (a) ser tratado (a) como alguém menos importante, que um pastor local, mesmo que o missionário (a) tenha o mesmo preparo teológico; e muitas vazes até uma graduação secular extra. (Estranho, não é?).
Parece pairar uma miopia coletiva, que impede a valorização
do missionário, que deixa seu lugar de origem, família, e por vezes, abre mão
até de uma carreira, para viver e servir ao próximo.
A revista ultimato já publicou um artigo muito interessante
denominado: Missionário: maluco, mártir, mendigo ou o quê?
Disponível em: http://www.ultimato.com.br/…/missionario-maluco-martir-mend…
O problema de tratar o missionário como mendigo, é fruto de
uma visão mesquinha e retrógrada! No Brasil, muitos missionários não saem para
o campo como seu sustento garantido (como imaginam), isto é privilégio de
poucos, bem poucos.
Sabe o que é incrível? Se você conversar com missionários,
genuinamente cristãos, vai perceber que Deus tem cuidado deles; o faz usando
pessoas, a criatividade deles, e os mantém no campo, nunca os desampara!
For fim, muitos perdem a oportunidade de ouvir histórias
incríveis, e saber mais sobre a vivência missionária, por achar, que vai perder
tempo ouvindo histórias. Na verdade, suas mentes estão cheias de nulidades, que
assuntos espirituais não são tolerados.
Jesus deixou claro que a seara era realmente grande, poucos são os
ceifeiros...Meditar em textos sobre ao assunto, pode curar a miopia da alma, e
nos fazer compreender que missão, é missão! Cada um de nós tem a oportunidade
de descobrir a sua.
A paz seja com todos. Filip.4.7. *Por Joana D´arc Henzel
Rubens Muzio
Na introdução ao livro “The Legacy of William Carey” , o
conhecido teólogo indiano Vishal Mangalwadi, demonstra como esse famoso
missionário inglês, pastor batista e pai das missões modernas, foi mais do que
simplesmente um típico missionário transcultural. Na verdade, ele foi um modelo
de líder cristão preocupado com a transformação das culturas, castas e
cosmovisões da Índia. Para você ter uma idéia da sua abrangência e influência,
se alguém perguntasse nas Universidades Indianas: “Quem foi William Carey?”
aconteceria mais ou menos o seguinte:
• Estudantes dos departamentos de Letras, Literatura e
Educação o reconhecem como o 1º tradutor dos grandes clássicos religiosos da
literatura indiana, como o Ramayana e o tratado filosófico Samkhya na língua
inglesa. Willian Carey traduziu e publicou a Bíblia em 40 línguas diferentes!
Ele fundou a 1ª Faculdade Asiática em Serampore, perto de Calcutá; foi
professor de Bengali, Sânscrito e Marathi no Fort William College em Calcutá e
escreveu o 1º dicionário de sânscrito para estudiosos. Além disso, ele começou
dezenas de escolas para crianças de todas as castas. Por mais de 3 mil anos a
cultura religiosa proibiu a maioria dos indianos do acesso ao conhecimento,
estratégia das altas castas para controlar as castas inferiores. Carey
demonstrou tremendo poder espiritual contra os sacerdotes e religiosos. Carey
escreveu baladas do evangelho em Bengali para atrair aos cultos hindus que
amavam a música e transformou o Bengali – considerada apta somente para
mulheres e demônios – na língua mais importante da Índia. Seu objetivo sempre
foi criar uma literatura vernácula, nacional.
• Estudantes de história o têm como pai da renascença
indiana nos séculos XIX e XX. O ápice intelectual, artístico, arquitetônico e
literário da Índia hindu do século XI cessou e declinou com o monismo de Adi
Shankaracharya. Todo o racionalismo, modernismo, temas científicos e tudo o
mais que enriquece a cultura tornou-se suspeito dentro da cultura. Asceticismo,
misticismo, ocultismo, superstição, idolatria, feitiçaria formaram a estrutura
e visão de mundo da cultura indiana. Isso tudo em meio a exploração estrangeira
e controle Europeu. Carey viu a Índia como um país amado por Deus, onde a
verdade deveria reinar. O movimento de Carey culminou no surgimento do
nacionalismo indiano e subseqüente movimento pela independência.
• Estudantes de economia o apontam como o precursor da idéia
da poupança, um homem que lutou contra a avareza, a cultura de propinas e a
usura da época. Juros entre 36-72 % tornam investimentos, indústria, comércio
impossíveis, dizia ele! Ele pregou ética na economia e buscou incrementar as
relações econômicas entre a Índia e Inglaterra numa época de xenofobia;
• Estudantes de engenharia o tratam como um industrial, que
trouxe a máquina a vapor para a Índia, animou os ferreiros a fazerem cópias de
suas máquinas; o 1º a utilizar papel indiano para
publicação;
• Estudantes de ecologia garantem que Carey foi o 1º a
escrever artigos sobre a floresta indiana quase 50 anos antes do governo
começar suas tentativas de conservação ambiental em Malabar. Ele defendeu o
cultivo da madeira dando conselhos práticos em como plantar árvores com
propósitos ambientais, agricultura e comerciais. Deus nos fez responsáveis por
toda a terra!
• Estudantes de agronomia o tratam como o fundador da
sociedade Agricultura e Horticultura em 1820, 30 anos antes da Sociedade Real
de Agricultura ser estabelecida na Inglaterra. Carey fez sistemáticas pesquisas
da agricultura e intensas campanhas pela reforma agrária. Tudo isso, por estar
horrorizado pelo fato de 3/5 deste bonito país se tornara uma grande selva não
cultivada e cheia de feras e serpentes; ele publicou os primeiros livros sobre
ciência e história natural na Índia, trouxe o sistema de jardinagem Linnaen e
inspirou o nome dum dos 3 eucaliptos da Índia: Careya Herbacea. Ele freqüentemente
palestrou sobre ciência e mostrou como insetos não seriam almas aprisionadas,
mas criaturas valiosas de atenção;
• Estudantes de medicina lembram que Carey realizou a 1ª
campanha por um tratamento digno aos leprosos. Naquela época eles eram
queimados ou enterrados vivos pela crença que um corpo, com um fim violento,
transmigraria para uma existência saudável. “Jesus tocou os leprosos”, dizia
Carey
• Estudantes de comunicação e marketing o honram como pai da
tecnologia da impressão. Ele trouxe a imprensa e publicação e ensinou a
utilizá-la além de estabelecer o 1º Jornal em língua oriental, Friend of India,
uma força que impulsionou o movimento de reforma social na 1ª metade do XIX.
• Estudantes de sociologia e dos direitos da mulher lembram
que ele fez pesquisas sociológicas e publicou artigos para levantar protestos
em Bengali e Inglaterra. Ele foi o 1º a levantar-se contra os assassinos cruéis
e opressores da mulher indiana. Os homens destruíam as mulheres através da
poligamia, genocídio infantil, casamento infantil, queima de viúvas (sati),
eutanásia e analfabetismo feminino. Todos esses sancionados pelo hinduísmo e
outras religiões. Ele persistiu 25 anos contra o sati até que o edito de 1829
baniu essa prática, alem de abrir escolas para moças e arranjar maridos para
viúvas convertidas;
• Estudantes de filosofia asseveram que William Carey
reviveu a antiga idéia de que ética e moralidade estão inseparavelmente ligados
à religião, enquanto muitos na época separavam a espiritualidade de moralidade.
Ele reafirmou que os seres humanos são pecadores e precisam de perdão. Esse
ensino revolucionou a espiritualidade indiana que enfatizava meramente a
experiência mística individualista;
• Estudantes de astronomia sabem que Carey introduziu o estudo
da astronomia na Índia. Ele não acreditava que os astros eram deuses que
governavam a vida das pessoas. Profundamente preocupado com os desdobramentos
culturais da astrologia: fanatismo, superstição, ele lembrou que homens foram
criados para governar a natureza e não vice-versa. Sabia que o sol, lua e
planetas são criados para manifestar a glória de Deus e ajudam a dividir as
estações, anos e meses e definir direções (norte, sul, leste, oeste). A
astronomia liberta enquanto a astrologia aprisiona!
• Estudantes de biblioteconomia o aceitam como o pioneiro no
empréstimo de bibliotecas para a Ásia. Enquanto os navios britânicos importavam
armas e soldados, Carey trouxe livros educativos e sementes nestes mesmos
navios. “Livros libertam”, dizia Carey!
Como você pode perceber, William Carey desejava que o
Evangelho de Cristo influenciasse todas as áreas do conhecimento e penetrasse
todas as esferas sociais. Ele possuía uma profunda convicção de que o Reino de
Deus deve impactar e transformar os valores, as ciências, as idéias, as
atitudes e a mentalidade do povo.
Como cristãos, não podemos apenas “salvar almas”, abençoar
pessoas espiritualmente (se bem que espiritualmente não signifique “fora do
corpo”, alma etérea, mas sim uma ação do Espírito de Deus sobre a vida). Parece
que esta ainda é a tendência vigente em muitas igrejas e projetos cristãos:
fiquemos com nossas igrejas ambientadas, cultos modernizados e programas
contemporâneos! E o mundo lá fora? Que se lixe, que vá para ao inferno!?! Bem,
nunca foi essa escatologia escapista ou teologia fatalista que marcaram a visão
de William Carey e de muitos outros santos e sábios missionários, encorajados
pelo evangelho integral do Senhor Jesus Cristo, bem como do seu irmão Tiago e
do apóstolo Paulo de Tarso.
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Rubens Muzio é missionário da Sepal Sul.
http://veredasmissionarias.blogspot.com.br/2008/01/william-carey-misso-e-transformao.html
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